quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Super (Des)Interessante

Quem lia a revista Super Interessante na década de noventa deve rolar de raiva ao ver no que se tornou a publicação...
Uma revista que trazia em seu conteúdo curiosidades da ciência, matérias informativas e divertidas, histórias do surgimento de tecnologias e afins, que poderia ser um motor de arranque no interesse de crianças e adolescentes pela leitura, virou uma propagandística publicação voltada ao consumismo, a reafirmação da ideologia capitalista, a valorização de ideais incrívelmente banais e a publicação de matérias de conteúdo e intenção bastante duvidosos.
A exemplos, numa edição deste ano, houve uma matéria sobre a Ku Klux Klan, cujo conteúdo se firmou na história da organização, foi branda e suave com as práticas racistas de extermínio de negros pela organização e não utilizou as tradicionais expressões assassínos, monstros, genocídas e afins, altamente desígnadas quando se referem a organizações de esquerda, islâmicos, indígenas, etc..
Outro caso foi a recente matéria sobre os maiores genocídios da história e uma citação de livros, na seção Super Fetiche, sobre a segunda guerra mundial: O massacre de judeus, da etnia Hutus, os opositores de Pol Pot na Indonésia, foram lembrados no primeiro assunto, lembrando que nazistas, comunistas e negros cometeram genocídios... mas ninguém lembrou das bombas de Hiroshima e Nagasaki, da Guerra da Coréia, das ditaduras apoiadas e financiadas na américa latina e, o maior dos casos, a Guerra do Vietnã, onde morreram quase o mesmo número de vietnamitas, laoanos, cambojanos, que o de judeus na Alemanha Nazista: entre 5 e 6 milhões de pessoas!!!
Já na questão dos livros, estavam sendo citados temas sobre a segunda guerra, relevando-se o horror através dos olhos de mulheres: um citava uma lutadora da resistência francesa à ocupação nazista, outro o diário de uma menina judia enviada a auschwitz e, por fim, os horrores das mulheres violentadas por soldados no fim da guerra... No entanto, somente os nazistas e comunistas são citados! Lembra aqueles fins de filme, com o soldado estadunidense alto, forte, lindo, vencendo à guerra e libertando as pobres vitimas do nazismo, carregando nos braços uma senhora idosa e trazendo uma criança pela mão... Ora, no meio de uma guerra, infelizmente, não há muitas idoneidades a preservar, e não queremos aqui poupar comunistas das críticas merecedoras por comportamentos excerbados, só que não dá mais pra ficar nessa de heróizinho estadunidense, faça-me o favor!
Em coisas mais "comuns", houveram publicações de matérias um tanto questionáveis, como a entrevista com cientista estadunidense que defende que negros são menos inteligentes que brancos, um "E Se" ridicularizando a ocupação e aquisição da Amazônia por grupos estrangeiros e ONG's, uma outra falando grampo e censura na internet em vários países como Cuba, Coréia do Norte, Irã... Mas ninguém lembrou dos EUA novamente, que prenderam, ano passado, uma jovem de dezesseis anos por escrever num site de relacionamentos que queria matar George Bush!
Como consideração final, em 1995 a revista quase não tinha páginas comerciais. Hoje exibe quase um terço da revista com propagandas de bancos, universidades, multinacionais, moda, etc., além da página de tecnologia, que anuncia pequenas "graças" tecnológicas, vendidas nos Estados Unidos, Reino Unido, França...
É triste ver o que a Abril tem feito com as poucas publicações brasileiras que se aproveitavam...

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