quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Ideologia...

Encontro de amigos de infância:
- e aí mano, beleza!?
- beleza, e você?
- 'tô bem também...
- que faz da vida?
- 'tô fazendo um corre com um espaço cultural
aqui na região!
- pra que isso, véio!? você acha que essa gente
vai dar valor pra isso? ninguém aqui se
interessa em cultura, não! tudo gente ignorante!
(...)

Que acontece com o povo da periferia??? Auto-flagelação social, despertencimento, embrutecimento, insensibilidade...?
O processo de dominação ideológica praticado, principalmente, pela grande mídia vem dando frutos novos todos os dias, e que frutos.
Esta incapacidade, cada vez maior, de perceber a injustiça, a exploração, a violência e as contradições do sistema político-econômico brasileiro, tornam o povo da periferia numa "arma de sua própria destruição", por que faz com que as pessoas vejam em seus irmãos de vivências, e em sí mesmas, a causa dos problemas.
É o explorado vendo o mundo com os olhos do explorador!
Condicionados assim desde nossas fraldas, passando pela escola, grupo social, primeiro emprego, faculdade; enxergamos o mundo a partir de um olhar que não é nosso.
Novelas que mostram o luxo, o requinte, reafirmam valores de exploração "natural" das pessoas por outras pessoas.
Jornais, escritos ou apresentados, que noticiam tudo de acordo com o interesse e a visão de quem os financia.
Comerciais que alimentam o "sonho-médio": condomínios, carros, grifes, conforto, tecnologia, luxo, luxo, luxo.
O entretenimento pautado na diversão, única e exclusívamente, para nos fazer esquecer os problemas, relaxar.
A importância do ser humano reduzida a contas bancárias, ser astro, ser famoso, ser chique, ser belo, mesmo que num padrão de beleza irreal para nós, como diria Arnaldo Antunes, inclassificáveis.
Mas esse mesmo "padrão de beleza", de que gostaria a nossa classe dominante, está representado em cada anúncio de revista e comercial de tv: folheie uma revista e veja como são @s protagonistas da maioria dos anúncios.
E esse processo maldito está aí, todos os dias, na nossa cara e na nossa prática:
nossas roupas de marca, nossos cabelos alisados, nossas posturas anti-nós mesmos, nossas opiniões pró-propriedade , nossas comidas artificiais, nossos sonhos de consumo, nosso preparo pro futuro, nossa falta de reação contra a nossa exploração e assassínio e desemparo e abandono e tudo o mais, que não devíamos, mas estamos, cada vez mais, acostumando a conviver.

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