terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Um Pouco da História I


Cuba, 1º de Janeiro de 1959

Apenas três anos após o desembarque desastroso dos militantes do Movimento Revolucionário 26 de Julho no iate Granma, onde morreu a maioria dos guerrilheiros, os revolucionários venciam o conflito, e o ditador Fulgêncio Batista fugia da ilha.
No entanto, o processo revolucionário não iniciou com Fidel Castro e o 26 de Julho, ele vem de muito antes...
O povo cubano sempre foi vítima de políticas e sistemas econômicos desastrosos, que apenas atendiam aos interesses de uma elite exploradora.
Todo o processo de colonização espanhola é marcado por acordos econômicos unilaterais e pela proibição do desenvolvimento da sociedade cubana, com vistas a mante-la como servidora de matéria prima e das riquezas naturais existentes.
No período da independência, a intervenção dos Estados Unidos não serviu para auxiliar cuba a tornar uma nação soberana. Os acordos pós-independência promoveram uma pequena industrialização em Cuba, mas apenas o suficiente para que atingisse o patamar de provedor de cana de açucar aos Estados Unidos, unicamente. A ilha foi proibida de produzir qualquer outro produto, tendo de importá-los, e mantinham-se cláusulas de cooperação do tipo: "sempre que considerar necesário, os Estados Unidos poderão intervir, mesmo militarmente, na política, na economia, ou qualquer área que se demonstre necessária". Com esse processo Cuba sequer atingiu status de país capitalista, pois possuia um mercado externo de produto único e mesmo esse produto só podia ser vendido em sua forma mais rústica e menos cara. Os cassinos, a prostituição, a fome, a miséria e o crime organizado proliferavam imensamente, sendo a jogatina, inclusive, muito incentivada pelo governo estadunidense. Várias ditaduras pró-EUA foram se alternando no poder, sempre em detrimento da soberania do país, até 1959, quando, aliado a imensa maioria da população, o MR26, sob liderança de Fidel Castro, Raul Castro, Camilo Cienfuegos e Che Guevara, derrubou a ditadura Fulgêncio Batista.
Nos anos seguintes, com auxílio da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o governo revolucionário pos a caminhar as reformas que havia prometido: em dois anos erradicou o analfabetismo em toda a ilha, estatizou todos os serviços básicos(saúde, educação, acesso a cultura, etc.), executou a reforma agrária, expropriou a riqueza da acumulação neo-colonial e enfrentou inúmeras tentativas de contra-revolução, patrocinada pelos Estados Unidos e pelos cubanos ricos que vivem Miami.
Aliás, essa é uma das questões mais complicadas na revolução:
Muitos contra-revolucionários morreram em combate, mas são contados como "pessoas assassinadas friamente pela revolução", por todos que antipatizam com a revolução cubana. Não que sejamos a favor do fato de Cuba ter pena de morte, mas é preciso um mínimo de compreensão do que é um conflito e do que é um extermínio.
Num plano geral a revolução cubana teve avanços incríveis em educação, artes, cultura, saúde, igualdade social, que poderiam ter sido muito melhores sem o bloqueio estadunidense e sem certa ortodoxia do governo cubano, quanto a liberdades individuais por exemplo, tanto que estes avanços têm sido utilizados em diversos países do mundo, como o programa de alfabetização Yo Sí Puedo, e é um exemplo grandioso de que existe alternativa ao capitalismo e de que a história está apenas começando.
Sugerimos como leitura, a fim de entender um pouco mais do processo da revolução cubana:
Da Guerrilha ao Socialismo - A Revolução Cubana, de Florestan Frenandes;
A História Me Absolverá, de Fidel Castro;
Rebelde, O Testemunho de Um Combatente, de Fernando Vecino Alegret;
Cuba Hoje, 20 Anos de Revolução, de Jorge Escosteguy.

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