segunda-feira, 3 de novembro de 2008

FUNK: Do Poder de Criação

Quem nunca se pegou pensando, ou até cantando, um trecho de uma letra de funk atire o primeiro comentário!
Pois é, é inegável, gostemos ou não, que o funk está em todos os lugares... aliás, nem achamos que isso seja problema!
O funk é um dos gêneros musicais mais importante na história da luta popular-cultural d@s negr@s, iniciado nos Estados Unidos na década de 60, por uma galera da pegada de James Brown, que cá entre nós é um artísta sem tamanho!
O que tem provocado o desgosto de muita gente pelo atual fenômeno do funk, são as muitas letras machistas, com temáticas questionáveis dentro do crime e das drogas, repetitivismos (sic), fruto de "uma geração em que poucos acreditam e que muitos impiedosamente criticam"(letra de GOG).
E é exatamente nesta geração que temos pensado: filh@s de uma escola de péssima qualidade, de regiões da cidade onde espaços de cultura não existem, excluídos desde pequen@s de tudo o que dizem ser o básico para uma pessoa viver com dignidade, assistindo "maravilhosas" novelas, seriados de tv e filmes "roliúdianos", jornais sensacionalistas e programas de entretenimento que trazem as mesmas mensagens que hoje vemos reproduzidas nas músicas do funk...
Músicas essas, produzidas com o mínimo de equipamento que o nosso pobre dinheiro é capaz de comprar: um microfone, um toca cd's, uma caixa de som e pronto, tá aí a aparelhagem pro meu grupo de funk! Sem a necessidade de cursos musicais que, gratuitos só lá nos jardins, não poderiam pagar.
@s jovens cantam o seu cotidiano reflexo da sociedada capitalista: exploradora, machista, doentia, criminosa, exclusora e afins; capacitad@s, é claro, pela excepcional escola pública e sua magnânima progressão continuada, e pela quase inexistência de equipamentos de cultura nas periferias.
Críticar @s jovens funkeir@s é muito fácil, principalmente quando se quer colocar nel@s a culpa de que é um Estado em decomposição, onde só valemos de acordo à nossa conta bancária e tudo o que nos é direito, precisa ser comprado!
Então, antes de apontar um/a funkeir@ na rua e chamá-lo de sem cultura, ou dizer "essa é a cultura do povo brasileiro", busquemos o entendimento de que isso é um fenômeno social, produzido pelo sucateamento sistemático da educação e da cultura (e de tudo o mais) de um sistema político-social-econômico FALIDO!

Um comentário:

Tiozão das Batidas disse...

Muiiito bom o post !! Por isso mesmo estou transcrevendo-o no meu blog.